quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

TRABALHO ACABEMICO


UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
DEPARTAMENTO DE LETRAS (DLE)
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
TRABALHO DE LITERATURA PORTUGUESA II
ACADÊMICO: ALBERTO CHISSINGUI SARA SILVA

Questões e Respostas
1. Existem vestígios românticos nas Cartas Portuguesas? Caso os haja, justifique sua resposta com 3 ( três ) exemplos extraídos do texto. Caso não os haja, também justifique sua resposta com exemplos.
R: Existem sim, porque a narradora ao longo do percurso narrativo, aborda temáticas contraditórias, hora mostra a ira contra o suposto seu primeiro homem, hora se submete em ama-lo e que seria impossível lhe esquecer porque por ele marcou a vida dela e que por ele ela fez de tudo para ser feliz. Os trechos abaixo demonstram o lado dos vestígios românticos:
a)      Mas não importa, estou resolvida a adorar-te toda a vida e a não ver seja quem for, e asseguro-te que seria melhor para ti não amares mais ninguém.

b)      Eu não te posso esquecer, e não esqueço também a esperança que me deste de vires passar algum tempo comigo.

c)      Desde que partiste nunca mais tive saúde, e todo o meu prazer consiste em repetir o teu nome mil vezes ao dia. Algumas freiras, que conhecem o estado deplorável a que me reduziste, falam-me de ti com frequência. Saio o menos possível deste quarto onde vieste tanta vez, e passo o tempo a olhar o teu retrato, que amo mil vezes mais que à minha vida.

2. Durante a leitura das cartas, notam-se tons distintos em cada uma delas. Aponte o tom que lhe parece mais relevante em cada uma e exemplifique-os com um trecho da obra para cada tom.

R: Na primeira Carta, é bem notável que Mariana apresenta um tom razoável sem muitos remorsos, isto porque ela ainda tem a certeza que o seu amor ia voltar, por mais que duvide um pouco como nos ilustra logo no começo da carta “Considera, meu amor, a que ponto chegou a tua imprevidência. Desgraçado!, foste enganado e enganaste-me com falsas esperanças.”  E já na segunda Carta começa a mostrar um tom meio furioso, descontente tudo porque, depois de lhe ter enviado a primeira carta, o homem da vida dela não lhe mandou a  resposta e que pra ela se sentiu por um lado como se a carta não tivesse lhe chegado, ou então, lhe chegou e não quis lhe responder como bem nos mostra bem dentro da segunda carta “Não deixaria de ser infeliz se soubesse que só ao meu amor ganharas amor, pois tudo quisera dever unicamente à tua inclinação por mim; mas estou tão longe de tal estado que já lá vão seis meses sem receber uma única carta tua. Só à cegueira com que me abandonei a ti posso atribuir tanta desgraça: não tinha obrigação de prever que as minhas alegrias acabariam antes do meu amor?” e na terceira carta, Mariana depois de receber uma resposta do seu amado homem com frases curtas o tom, ou seja, a tonicidade começa a abrandar e desesperadamente sem mais esperança conforme nos ilustra a passagem retirada da carta “Que há-de ser de mim? Que queres tu que eu faça? Estou tão longe de tudo quanto imaginei! Esperava que me escrevesses de toda a parte por onde passasses e que as tuas cartas fossem longas;” já para a quarta carta, apresenta um tom um pouco calmo tudo porque depois de ter recebido algumas noticias do sujeito começa a se conformar de que não seria mais possível estarem juntos como a própria carta explica “Estou mais que convencida do meu infortúnio; a injustiça do teu procedimento não me deixa a menor dúvida, e tudo devo recear, já que me abandonaste.” Finalmente na quinta carta, Mariana já conformada de que perdeu o amor da vida dela, escreve para ele lhe encorajando e Prometendo que nunca mais ia lhe escrever e que ia fazer tudo para se superar e esquecer ele, “Escrevo-lhe pela última vez e espero fazer-lhe sentir, na diferença de termos e modos desta carta, que finalmente acabou por me convencer de que já me não ama e que devo, portanto, deixar de o amar.”

3. Como se concretiza, nas Cartas Portuguesas, a “linguagem moderna” apontada pelo ensaio [...]

R: A linguagem, por vezes opaca, obriga a uma reflexão sobre o texto e à descoberta de novos significados, ocultos por uma sintaxe frequentemente difícil, mas de grande efeito estético-literário. O discurso é veiculado através do recurso a uma linguagem de uma beleza inovadora e inesperada, na qual o poder de sugestão e a sensualidade de alguns textos encontra o seu contraponto perfeito no tom directo e cru de outros, introduzindo um grau de diversidade que confere um  dinamismo constante à obra.

4. Na 3ª Carta, há a repetição da expressão “Adeus” no inicio de 5 (cinco) parágrafos que fecham essa massiva. Como você interpreta esse “Adeus”: como despedida ou um prolongamento do páthos que toma conta da missivista? Justifique sua resposta com trechos dessa mesma carta.

R: Eu acho que que essa sequencia de Adeus na carta, não caracteriza uma despedida, mas sim, um prolongamento de páthos que toma conta da missivista tudo porque ela, se adentra muito no eu sentimentalista e esquece do sofrimento que lhe abalava, fazendo recordar os tempos que passaram juntos se é que seria possível te-los de volta. É bem visível no trecho abaixo a intenção da narradora com o Adeus “Adeus; parece-me que te falo de mais do estado insuportável em que me encontro; mas agradeço-te, com toda a minha alma, o desespero que me causas, e odeio a tranquilidade em que vivi antes de te conhecer Adeus. O meu amor aumenta a cada momento. Ah, quanto me fica ainda por dizer...

5. Você acredita a autoria das Cartas a uma freira por nome Mariana Alcoforado ou pensa num possível “golpe marketing”, para o sucesso editorial da obra? Esboce uma argumentação possível em favor da sua opinião.

R: Acredito que a Obra é da inteira autoria de Mariana porque, no seu todo, reúne  cartas de amor (presumivelmente verdadeiras, pois a história é verídica) de uma jovem freira portuguesa do século XVII, dirigidas ao seu amante francês que a abandonou no convento.
“Cessa, pobre Mariana, cessa de te mortificar em vão, e de procurar um amante que não voltarás a ver, que atravessou mares para te fugir, que está em França rodeado de prazeres, que não pensa um só instante nas tuas mágoas, que dispensa todo este arrebatamento e nem sequer sabe agradecer-to.” 
Mariana Alcoforado é a personagem e presumível autora das cinco (As Cartas Portuguesas – titulo com que foram publicadas 1669, em França) dirigidas a Noel Bouton de Chamilly, conde de Saint-Léger, oficial francês que lutou em solo português sob as ordens de Frederico de Schomberg, durante a Guerra da Restauração. Tais cartas acabariam por se tornar num clássico da literatura universal por anteciparem o movimento literário romântico e serviram de inspiração a La Bruyère, Saint-Simon, Saint-Beuve e muitos outros autores românticos.

 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:

 Cartas Portuguesas atribuídas a Mariana Alcoforado, traduzidas por Eugénio de Andrade (pseudón.), Edição bilingue, RTP, Março de 1980, 80 págs.

http://www.luso-livros.net/Livro/cartas-de-amor-de-uma-freira-portuguesa/, Retirada no dia 07 de Fevereiro de 2013 pelas 20:00.

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