terça-feira, 17 de setembro de 2013

FOTOS 2013 RIO DE JANEIRO BRASIL




 
 
 

TRABALHOS ACADÊMICOS 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS E HUMANAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS
                                       
DISCIPLINA: LITERATURA BRASILEIRA II
                                          PROFESSIRA: SANDRA HAHN
                                            ACADÊMICO: Alberto Chissingui Sara Silva[1]
Tema: Tal Brasil, Tal Naturalismo.
O presente trabalho é de caráter naturalista propriamente dito, por abordar questões epistemologicamente relevantes ao Brasil do pós-modernismo. No limiar do texto “Tal Brasil, Tal Naturalismo” de Flora Sussekind professora de Teória do Teatro no Centro de Letras e Artes da UNI-Rio e pesquisadora da Casa de Rui Barbosa (Rio de Janeiro), que nasceu no Rio de Janeiro, em 1955, e tendo até então diversas obras literárias meramente importantes para uma cultura que busca se identificar no que tece á sua ideologia.
Preocupada em identificar os movimentos de ruptura e de continuidade tanto nos autores que se consagraram no século XX quanto nos que estão surgindo nesse início de século XXI  hoje não mais agrupados em escolas, gerações ou movimentos coletivos como notrora, mas buscando soluções próprias e individualizadas, que respondam menos ao sentimento geral de uma época e que se caracterizam, sobretudo, pela apresentação de uma visão particular, pulverizada, de uma realidade, Flora Süssekind destaca-se por sua erudição e pela competência presente em suas análises, assim como pela capacidade de reunir, em seus ensaios sobre autores e temas tão heterogêneos uns em relação aos outros, um nexo articulador sempre sólido e pertinente.
Durante esse percurso desde o nascimento até então, publicou varias obras como: O negro como arlequim. Achiamé, 1982. - O sapateiro Silva (com Rachel T. Valença). Rio de Janeiro, Fundação Casa de Rui Barbosa, 1983. - Tal Brasil, qual romance? Achiamé, 1984. - História e dependência (com Roberto Ventura). São Paulo, Moderna, 1984. - As revistas de ano e a invenção do Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1986. - Papéis colados. Rio de Janeiro, Ed. UFRJ, 1993. - Até segunda ordem não me risque nada. Rio de Janeiro, Sette Letras, 1995. - A voz e a série. Belo Horizonte/Rio de Janeiro, Ed. UFMG/Sette Letras, 1998. Obras traduzidas no exterior: - Cinematograph of words. EUA, Stanford University Press, 1997.
No texto “Tal Brasil, Tal Naturalismo” em destaque, a resenha será feita conforme estão divididos os capítulos. Começarei por “uma analogia: família e estética” e seguirei com os demais capítulos que são: Família: laços de sangue ou semelhança?, a tradição cultural e sua bofetadas, o pai literário e seus rebentos, paternidade, autoria e nacionalidade, uma linguagem- só- transparência, a busca de uma identidade nacional e o naturalismo e dependência. Ao fazer uma analogia entre família e estética, Flora Süssekind destaca que:
Filiação e paternidade definem-se em meio a um jogo familiar de semelhanças, onde do filho se exige que seja a atualização do semblante e das atitudes paternas. Filiação e paternidade definem-se numa unidade especular. Ao filho não cabe ser outro e sim a imagem refletida do pai. Quando são demasiadas as diferenças, quebra-se a possibilidade de reconhecimento mútuo, fratura-se o círculo familiar numa inquietante estranheza (SÜSSEKIND, 1984, p.21). [2]
Na epígrafe acima, é bem visível que, trata-se de sociedades primitivas, ou seja, na idade antiga e média na qual, a aparência, a semelhança, as características do pai pelo filho eram um mero ato de identificação bastante marcante e ideal. Ao contrário dessas características meramente etnogênicas a desconfiança de que talvez o filho fosse bastardo, ou seja, duvidoso, dominava a consciência das pessoas nessa época. Naquela altura como o poder de uma monarquia transcendia de pai para filho, ou seja, por laço de filiação, os traços de aparências tinham que ser evidentes e fortes para garantir uma sucessão no poder sem constrangimentos.
Segundo Guimarães Rosa num dos seus textos, os personagens da “Terceira margem do rio” ilustram uma parição geneticamente igual porque o fato do pai se jogar no rio em uma canoa até envelhecer, o filho sente a culpa de aceitar que o pai fizesse isso e então comete a mesma coisa, ou seja, segue os procedimentos feitos pelo pai o que caracteriza semelhanças parentescos. Ainda em Machado de Assis quando se suspeita de um adultério de Capitu por parte do Betinho no Dom Casmurro, cada vez que o Betinho olhasse  para o filho Ezequiel, só via nele as semelhanças do seu amigo Escobar e isso acontece até hoje em dia em nossas sociedades.
 Sussekind, na sua visão coerciva diz que, ao filho não cabe ser outro e sim a imagem refletida do pai,quando são demasiadas as diferenças, quebra-se a possibilidade de reconhecimento mutuo, fratura-se o currículo familiar numa inquietação estranheza. A máxima tal pai, tal filho, dita cheia de orgulho, fica substituída de repente pela inquietação de uma família, cujos laços sanguíneos e biológicos se vêem subitamente confrontados a comportamentos e traços estranhos e infiéis ao corpo que deveriam repetir.
Numa visão extremamente diferenciada ao olhar da autora, quero debruçar-me á respeito de algumas experiências vividas enquanto sujeito de outra cultura diferente do Brasil. Bem, no meu país “Angola” nota-se até hoje que as semelhanças fisionômicas, psicológicas, históricas, entre outras, do pai ao filho geram uma confiabilidade de assumir a paternidade e caso contrário causa estranhezas e friezas ao se posicionar de tal responsabilidade. Até porque dentro da literatura angolana, na obra do filme intitulado “ A única filha” de Dito, aparece um casal cheio de amor e confiança e a mulher assume o papel de conselheira das mulheres do bairro, só que no final do filme, os 7 filhos que pareciam serem todos do casal a pesar de terem traços diferentes, o mistério acaba ser revelado que apenas dois eram filhos do senhor seu marido e os 5 tinham cada um seu pai, isso porque, cada vez que o marido viajava a mulher engravidava de outro homem e dizia no marido que era dona da gravidez e isso acontece até na vida real.
Quanto ao tema que se refere “A família: laços de sangue ou semelhanças?” Podemos optar na vertente de laços de sangue porque geralmente a identidade constrói-se com DNA. Na verdade, na vida social acontece com freqüência os filhos fazerem suas próprias escolhas por vários motivos. Ou, porque não gostam da vida desonesta que seus pais levam, ou, porque são corrompidos pela meio social.
Dois galhos de uma mesma árvore: ambos ligados pelos laços de sangue, mas separados pelas diferenças. Direito e esquerdo: destro e sinistro. O lado direito se mostra como uma continuação do pai, “um desenvolvimento espontâneo do tronco”. Ao passo que o lado esquerdo é associado ao sombrio, ao errado, configurando-se como uma verdadeira anomalia. Se Cristo está assentado à direita de Deus-Pai, e à esquerda, quem fica gauche, juntamente com a mãe, Ana e Lula, senta-se à esquerda, fazendo parte do galho mais fraco, anômalo. É o galho que pode quebrar a qualquer instante. Conforme afirma Flora Süssekind, é muito difícil que alguns dos ramos de uma árvore genealógica escape ao peso e à sombra dos demais. Tais galhos se prendem uns aos outros como elos que não podem se soltar. Do contrário, pode se desfazer toda a identidade familiar. Assim, quando não se repete o modelo paterno, “não é apenas para o filho que se volta a maldição, mas para toda a família cujas pretensões de continuidade ficam ameaçadas” (SÜSSEKIND, 1984, p.24). É aí que a postura do filho desencadeia um processo que contamina a todos, causando assim a desagregação daquele mundo.
No que concerne à tradição cultural e suas bofetadas, a autora principia o seu discurso numa visão mais crítica, ao abordar a questão de semelhanças que não se trata da árvore genealógica e a casa paterna que se vêem pelo personagem de Sarte, mas uma cadeia e espaço igualmente sacralizados: a tradição cultural e a biblioteca. Nesse contexto, podemos observar que, a autora não foge da lógica acima supracitada, mas sim, elenca o objetivo principal do capitulo em estudo o que considero extremamente interessante.
Na verdade, é inútil salientar do termo tradição sem antes buscar a sua etnologia. Tradição é um termo oriundo do latim: (traditio, tradere = entregar; em grego, na acepção religiosa do termo, a expressão é paradosis παραδοσις) que designa, ou seja, é a transmissão de práticas ou de valores espirituais de geração em geração, o conjunto das crenças de um povo, algo que é seguido conservadoramente e com respeito através das gerações. 
No ponto de vista mas analógico, concebe-se nessas gerações que lhes são estatuídas algumas regras a serem seguidas e quando alguém viola uma dessas regras recebe o devido tratamento afim de corrigir seu comportamento tal que aconteceu com Autodidata que levou algumas bofetadas na biblioteca a ponto de sangrar.
Do capítulo “O pai literário e seus rebentos”em simplas palavras pode se dizer  que um filho exemplar é o orgulho de seu pai, o mesmo procede com o escritor perante uma obra, um escritor nacional em que sua obra marca a identidade de seu país. Até porque geralmente os filhos seguem as profissoes dos seus país, por isso que o termo tal pai, tal filho existe com maior relevancia.
É obvio apontar aqui as diferenças existente entre a tradição familiar e a tradição literária uma vez que apresentam termos opostos. Primeiramente, na tradiçao literária exigi-se não só a obra se assemelhar a seu pai “país, cultura”, mas todos os filhos (textos) se assemelhem entre si à maneira de produtos em série obedientes ao molde paterno. Salientou Sussekind.
Já no capítulo “Apaternidade, autoria e nacionalidade” verifica-se uma abordagem mais sucinta no convívio entre a obra e seu autor, a nação e a sua literatura. Segundo a autora, uma literatura tem sua tradição equilibrada pela pedra das estátuas de seus grandes escritores pelas prateleiras de suas assépticas, pela filhação de uns a outros, pela numeração de escolas diferentes que se sucedem logicamente, pela continuidade de um conjunto de obras e nomes que sem ambuiguidades parecem repetir-se numa trajetória. O que torna para autora um texto de caráter interessante e crítico.
Já os tres ultimos paragrafos, “Uma linguagem-só-transparencia, A busca de uma identidade nacional e Naturalismo e dependencia, abordam questões meramente naturalismo porque a linguagem é lida com simetria que cria analogias perfeitas que desfaz a ruptura e diferenças, que apaga e funciona com mera transparência. E no que tecea busca da identidade nacional, podemos perceber que a autora realça aquilo que o Brasil tem sido nos ultimos dias, valorizar a sua identidade, ou seja, preservar a própria cultura no caráter literário e já por ultimo “ Naturalismo e dependencia” é obvio que é nada mais nada menos que o nacionalismo.
Concuindo, tenho a honra e o prazer de salientar que o texto foi muito ilustrativo por abordar questoes de caráter interessante e importante porque afinal de contas vivemos numa sociedade onde o segredo domina a alma e o ódio constroi a identidade do sujeito.
Referencias
LUIS Fernando Veríssimo, seleção de crónicas do livro, Comédia da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996.
FLORA Sussekind, Ed. Acheame; RJ, 1984
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tradi%C3%A7%C3%A3o acesso dia 15 de setembro, pelas 15 horas.
. http://www.youtube.com/watch?v=BqheSTAuV4o acesso dia 16 de setembro de 2013 pelas 16 horas.
http://w3.ufsm.br/grpesqla/revista/num17/art_03.php acesso dia 16 de setembro de 2013, pelas 19 horas.
 
 
 
 
 
                                                                                  
 


[1] Acadêmico do 6º semestre no curso de Letras Português e Espanhol.
[2] FLORA Sussekind, Ed. Acheame; RJ, 1984 p. 21.